O ministro de Direitos Humanos Paulo Vanuchi passou por uma saia justa esta semana, durante encontro com o perito da ONU Álvaro Mejian. Além de ter que rebater as críticas sobre a falta de efetividade dos programas sociais brasileiros, teve que justificar a iniciativa do governo carioca de Sergio Cabral Filho, de construir muros em volta das favelas cariocas, separando-as dos bairros mais nobres.
Em sua explicação, os responsáveis pela construção argumentam que seria para conter a violência vinda dos morros e frear a expansão das favelas, que já estão invadindo os bairros residenciais.
Se no modelo de administração dos governantes consta que proteger a população é dividi-la, talvez dentro de pouco tempo, tenhamos comunidades independentes, com cada qual seguindo normas de convivência estabelecidas por seus membros e regidas por suas próprias leis. Individualizar as comunidades significa dar mais poder a elas. Significa deixar que lideranças paralelas formem novos governos.
O comportamento humano é de difícil diagnóstico quando se ignora sua necessidade de convivência em comunidade. Excluir o homem de seu habitat natural,colocando-o encarcerado entre muros é retroagir ,encenando um comparativo com o muro de Berlim,que preconizou um lapso vergonhoso na história da humanidade.
Vemos com tristeza que as arbitrariedades dos governantes, mesmo entre os mais jovens que preconizam as idéias futuristas e modernas, são sorrateiramente imputadas ao povo, sem que se dê a ele o direito de escolha.
Texto: Maria Conceição de Carvalho Vicentini
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