domingo, 28 de junho de 2009

Artigo: Quem não tem amigo, que alugue o seu

Parece brincadeira, mas é verdade, nem casas e muito menos carros, a moda agora é o aluguel de amigos. Claro, como dizem os próprios “alugáveis”, “totalmente sem fins sexuais!”. Imagine você sozinho em casa em um final de semana, sem companhia para ir aquela super balada, ou aquele super show que só tem graça ir rodeado de amigos, como diriam as “Organizações Tabajara”, “seus problemas acabaram”.

O serviço de "personal friend" foi criado por um grupo de amigos: Hallan, 21, é designer gráfico; Pablo, 22, é ator, autor e diretor; Danilo, 22, também é ator e atualmente participa da novela global "Caminhos das Índias"; e, finalmente, Wesley, 22, é produtor de moda. Cada amigo tem suas particularidades, assim o cliente pode escolher o amigo certo pra cada ocasião, como fazer compras, sair para conversar, dançar, viajar e praticar esportes.

No começo, eles atendiam os “amigos” apenas por indicação. Agora, já se comunicam pelo recém-criado site (http://www.amigosdealuguel.com.br) e pelo Twitter. O preço varia entre R$ 150 e R$ 200 por hora. No caso de viagens, os amigos oferecem viagens nacionais e internacionais e no final no passeio ainda entregam um álbum de fotos do passei, tudo incluído no pacote, que não tem preço definido, pois depende do local e dos dias.

Uma coisa que antigamente parecia tão fácil como sair com os amigos, agora parece algo totalmente impessoal. Onde foi parar a amizade, aquela troca de carinho, as coisas em comum, o gostar recíproco que unia as pessoas para fazer programas simples como ir as comprar ou assistir a um filme? Não se sabe se devido o avanço da tecnologia, ou a simples falta de tempo para conquistar pessoas, que torna o trabalho desses garotos algo tão popular atualmente.

Para organizar os encontros, os “amigos” impunham certas regras, o primeiro contato é feito através de e-mail, depois, se possível, o cliente deve aparecer na webcam, passada essa etapa é feito contato telefônico e então depois de toda essa análise eles aceitam a “amizade”. Os encontros são sempre realizados em lugares públicos como boates, bares, casas noturnas, nunca na casa do contato. Por segurança eles também não revelam seu sobrenome, mas garantem que o primeiro é real.

Como se encontrar e fingir uma amizade com alguém que só se tem contato através de meios eletrônicos e depois de toda a batalha online, o único contato pessoal é cheio de regras e imposições. Para quem é cercado de amigos é difícil compreender como muita gente procura esse tipo de serviço.

E não pense que só porque eles são garotos que o público é só feminino, apesar das mulheres serem maioria, muitos homens também procuram o serviço. As mulheres procuram companhia para festas ou eventos de empresas, para acompanhá-las em formaturas ou apenas para fazer compras. Já os homens querem se encontrar em um bar para tomar uma bebida ou buscam um parceiro para viagens e a prática para esportes radicais. Coisas essas que antigamente eram feitas por alguém muito próximo, colegas de trabalho ou entre melhores amigos.

A idéia é muito boa, e em cidades grandes como São Paulo e Rio de Janeiro, parece que a cada dia se torna mais difícil fazer amigos e mais fácil o trabalho dos garotos. Pra mim nada melhor do que poder dividir tristezas, felicidades, lágrimas e risos com alguém que está do seu lado pelo simples fato de estar, não por causa dos seus 150 ou 200 reais.


Charlotte Gonçalves

Um comentário:

Anônimo disse...

Os relacionamentos se tornam cada vez mais superficiais! Afinal de contas, é mais simples e comodo ter alguém que vai concordar com tudo que eu diga, faça e etc, pra que perder tempo com as diferenças? Hoje tudo tem que ser prático, afinl estamos na era da tecnologia. Contato pessoal é coisa do passado.