segunda-feira, 1 de junho de 2009

Crônica: O Segredo (baseado em fatos reais)

Nenhuma família é perfeita. Sempre tem aquela tia “cobra”, a cunhada fofoqueira ou aquele tio pé no saco, e toda família também tem um segredo, uma história guardada a sete chaves que uma vez revelada pode mudar totalmente a vida de uma pessoa. Pois é, foi isso que aconteceu comigo.
Inverno de 1999. Após a separação dos meus pais, iniciei uma vida nova na cidade de Cornélio Procópio. Comecei, então, a conversar com minha mãe sobre problemas de família. Foi quando ela me disse “Tenho um segredo muito valioso para te contar. Mas você tem que me prometer que não vai contar a ninguém.” Cheguei a pensar “poxa, se ela vai me contar, já não é mais segredo, mas tudo bem, guardarei.” Prometido o pacto do silêncio. Ouvi atentamente toda a história e fiquei pasma, embasbacada, angustiada. A história “Tampar o sol com a peneira” era pior do que eu esperava. Imagine eu, com 10 anos de idade, ouvindo tudo isso e não poder contar, qualquer outra criança sem maturidade e preparação psicológica teria contado.
Nas férias de julho de 1999, comentei o assunto com meu pai. Ele disse o mesmo que minha mãe: “não conte isso a ninguém. Não se meta nesse assunto. O dia que ela (a pessoa que não deve saber) souber, faça de conta que você não sabia.” Até aí, tudo bem, quer dizer, tudo bem nada, ela deveria saber a verdade, era o seu direito. Isso é uma vergonha pra família. Até hoje quando vou à casa dos meus avós, eu não os vejo mais com os mesmos olhos. Só vejo um círculo de mentiras, enganações e falsidade. Mas é minha família, fazer o que, né?
Minha família (paterna) vive de aparência, querem mostrar para os outros o que não são, e mesmo passando por dificuldades continuam enganando os outros e, principalmente, se enganando. Chegou ao ponto que nem eles sabem mais o que é verdade ou mentira, ao ponto de nem eu mais acreditar no que falam, escuto, balanço a cabeça que sim, sem dar minha opinião. Não sei de nada, né? Eles que pensam! Há muita falsidade e histórias absurdas que me contaram. Se é verdade não sei, mas é bem provável que seja.
Já faz 10 anos que guardo esse segredo, mesmo achando que deveria ter sido revelado há muito tempo atrás, mesmo com muita vontade de contar porque ela (a pessoa) significa muito pra mim e não tem culpa dos erros dos outros. Hoje ela tem 19 anos, e ainda não sabe da verdade. Se não revelaram até hoje, possivelmente nunca revelarão. Isso mudará a vida de todos que a rodeiam e pra pior! Mas não vou me meter num assunto que não é meu, isso é só um desabafo. E o segredo? Bom, se eu contar não será mais segredo. Tenho que guardá-lo pro resto da minha vida.

Por Alessandra Andrade

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