quinta-feira, 25 de junho de 2009

Tecnologia da ‘Descomunicação’

QuandoJ.K. disse a máxima “cinquenta anos em cinco” jamais passaria por sua ‘cabeça presidencial’ que isso seria ‘marcha lenta’ um dia. Pois o dia chegou, e atropelou todos os dias seguintes, para sempre. Somos inundados de bites, megabites, gigabites, terabites, ‘dinossaurosbites’. Os recordes de velocidade e capacidade são quebrados todos os dias. Nada amanhece novo por duas manhãs seguidas. Hoje novo, amanhã ultrapassado. Imediatismo é a ordem da vez. Vivemos um tempo cheio de “ismos” visto que existem espaço e praticidade para a disseminação de todos os tipos de ideias. Nunca foi tão fácil compartilhar experiências, teorias, informações, reunir e organizar grupos afins como na atualidade. Entretanto, a evolução tecnológica a favor da comunicação foi um tiro no pé. Todos ainda estão sentados, inertes, encantados com tanta informação. O fluxo é contínuo, todos precisam estar ligados, conectados, alienados, embasbacados – “Tanta coisa acontecendo no mundo e você parando para pensar Joãozinho?”, “Estou vendo sua cara de desatenção pela webcam, sente-se direito e plugue-se que a história vai começar!”, “Era uma vez uma bruxa má chamada Colômbia, ela queria destruir sua bela enteada Brasil, dando-lhe maçã envenenada, enquanto o lobo EUA aliou-se à vovozinha Europa para comer a Chapeuzinho Cuba, mas os três porquinhos mexicanos espirraram e todos pegaram Influenza A, enquanto isso, na torre do castelo...” – ad infinitum.O futuro chegou e ninguém sabe o que fazer com ele. Todos armazenam as fábulas descartáveis da atualidade, e ninguém processa nada. Nem um bite. Existe o scaner de retina, de impressão digital, brinquedos capazes de ler ondas cerebrais, transgênicos, carne feita em laboratório, bebês feitos sem a presença de cromossomos masculinos, clonagem já é assunto ultrapassado; mas ainda se morre de fome, sede, frio, medo, ignorância, indiferença, ‘descomunicação’.A tecnologia capaz de unir pessoas de qualquer lugar, em tempo real existe. O acelerador de moléculas também. Temos tecnologia que deixaria qualquer futurista da época de Baudelaire boquiaberto. Mas ninguém sabe responder onde foi que se errou... - O professor pede (pela webcam, obviamente) aos alunos que escrevam um breve artigo sobre tecnologia aplicada na comunicação. João, (que já não é mais ‘inho’), suspira desconsolado: “Que comunicação?”Resta-nos a esperança de um site de relacionamento qualquer suscitar entre alguns poucos rebeldes um novo ‘ismo’,algo como ‘desglobalizacionismo’; porque nunca se viu em toda a história algo que afastasse tanto os seres humanos como a globalização. Se não funcionar, irei morar nos pólos, para conferir se as moléculas ainda se agrupam no frio, ou se a tecnologia já deprimiu a química e a física também.
KAKAL RAGAZZI

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