quarta-feira, 2 de setembro de 2009

ILUSÓRIA ERRADICAÇÃO DO ANALFABETISMO


Segundo levantamento do MEC –(Ministério da Educação e Cultura), cerca de 60% dos estudantes, das escolas públicas ou privadas no Brasil, conclui a quarta série sem saber ler e escrever.
Superando esta fase de iniciação à alfabetização com a supervisão e o vivaz interesse das autoridades, o aluno então ingressa no ensino médio e descobre a formação educacional, fundamentando suas dificuldades em um curso rápido, eficiente, disponível; acessível a todos, indiferente de credo, religião, cor de pele, padrão social e demais argumentos de que se possa lembrar, que é : CTRL + C, CTRL + V.
Esta poderosa ferramenta da NET, segundo o entendimento do aluno, é capaz de assegurar - lhe, transpor todos os obstáculos que os professores 'tentam impor' para barrar sua formação definitiva e assim, limitá-lo às margens da sociedade.
Deparamo-nos em todos os momentos com esta infeliz realidade e para se comprovar, basta fazer uma avaliação oral com qualquer aluno sobre o conteúdo pesquisado e os resultados são alarmantes. Cúmplices desta promoção da ignorância encontramos o educador, aquele mesmo que deveria incentivar o processo de construção do conteúdo individual de cada aluno, que observa com displicência o modelo de pesquisa, sem tampouco averiguar a autenticidade dos textos.
Cabe ressaltar aos leitores para reflexão, uma frase do filósofo Michel Serres¹ que diz que "o que irá diferenciar um indivíduo de outros, que irá torná-lo único, é a sua capacidade de crítica, sua postura acadêmica, sua responsabilidade com o conhecimento", e este por definição, deveria envolver compromisso, responsabilidade e ética. Porém, a real situação que encontramos na sociedade não é o que se apregoa sobre a educação.
Sem distinção, os governantes insistem em pautar a mídia com seus projetos dispendiosos e abrangentes, sempre se utilizando da bravata de erradicação definitiva do analfabetismo.
Oportunizar escolaridade básica e gratuita a milhares de crianças e adultos deveria ser um tópico de muita seriedade, porém, é utilizada como bandeira de campanhas eleitoreiras e executada sem nenhuma metodologia; o aluno não absorve os conteúdos e acaba transpondo o ano qualificado como alfabetizado.
Não se pode dizer que somente pela leitura e escrita este conceito lhe caiba; nesta superficialidade de conhecimentos, ele então baseia sua ascensão escolar na ''cola'', sem reflexão e sem interesse do conteúdo.
Vivemos hoje uma realidade que evidencia a necessidade urgente de reformulação da metodologia educacional aplicada aos estudantes da rede de ensino, inclusive aos do nível superior.

Por: Maria Conceição de Carvalho Vicentini
1-Serres, Michel-Pertinência e identidade, 1995.

Nenhum comentário: